O EL PAÍS vai mudar, para melhor
Publicado originalmente no site do jornal EL PAÍS BRASIL, em 01de maio de 2020
A edição em espanhol fecha seu conteúdo a partir deste 1° de
maio, seguindo planos que haviam sido adiados pela pandemia. A edição em
português continua aberta por enquanto
Redação do EL PAÍS Brasil, em São Paulo.
Por Carla Jiménez
Querido(a) leitor(a),
O jornal EL PAÍS fecha seu conteúdo digital em espanhol para
assinantes a partir desta sexta, dia 1°, seguindo os planos estratégicos do
grupo. Pode parecer estranho o anúncio em plena pandemia de coronavírus.
Justamente quando o mundo vive uma crise sanitária sem precedentes, que além de
provocar dolorosas perdas de vidas, afeta a economia e o orçamento das
famílias. Mas o projeto de cobrar assinaturas já estava em gestação há muito
tempo. Foi adiado, inclusive, em função da covid-19. E é por respeito ao papel
vital do jornalismo num momento delicado como este que todo o conteúdo relativo
à pandemia continuará acessível. Por enquanto, a edição em português segue
aberta para os leitores brasileiros.
O EL PAÍS nasceu em Madri, em 1976. Após duas décadas, caiu
na rede e o acesso virtual foi sempre gratuito. O conteúdo chegou a ser fechado
anos depois, mas a Espanha não estava pronta para essa transição. Dez anos
depois, o modelo digital foi o caminho para testar outros mercados. A edição
América, criada em 2012, e o EL PAÍS Brasil, fundado em 2013, nasceram e
cresceram sob a cultura gratuita, conquistando milhões de leitores em todo o
continente. Hoje os leitores latinos representam 40% da audiência do grupo.
Um bom jornalismo, produzido por 400 jornalistas, requer
recursos. Manter uma das redes de correspondentes mais excepcionais também. O
EL PAÍS tem um time de repórteres nos quatro cantos do planeta. É a grande
marca do jornal desde que nasceu dos sonhos do jornalista José Luis Cebrián,
impulsionados por Jesus de Polanco e José Ortega Spottorno.
O trio fundador queria revelar o mundo em todas as suas
dimensões para os leitores espanhóis depois de 40 anos de ditadura. E firmar
com ousadia os valores democráticos que uma sociedade sadia merece. Foi com
esse norte que o EL PAÍS ganhou o respeito dos leitores e tornou-se referência
em jornalismo. O que dizer de um veículo que teve Gabriel García Márquez ou
Fernando Savater como colunista? Que trouxe o feminismo para o debate público
dias depois da sua estreia e teve sempre as liberdades individuais, tanto
quanto os valores coletivos, como inegociáveis?
Esse espírito prevalece no tempo e veio desembarcar na
América Latina há poucos anos. Primeiro, na redação do México, que centraliza a
cobertura feita por correspondentes dos demais países de língua hispânica do
continente. Em seguida, o EL PAÍS chegou ao Brasil atraído pelos ventos de
mudança das jornadas de junho de 2013. É um capítulo que ainda está sendo
escrito. A edição em língua portuguesa, uma ousadia do grupo, teve sua
identidade moldada pelo padrão EL PAÍS e pela dedicação de seus profissionais.
Uma equipe alinhada à essência da matriz, de mover estruturas, de se antepor ao
autoritarismo tóxico, de guiar-se pelo senso de justiça social, de construir
pontes de diálogo. Seus leitores se nutrem dos mesmos princípios e escrevem
junto conosco a história deste jornal.
A pandemia vai nos obrigar a fazer escolhas. A decidir quem
e o que vai nos acompanhar nestes tempos difíceis que foram impostos à
humanidade. Ao que vamos dedicar tempo e dinheiro em um período mais penoso? Seguir
o jornalismo de qualidade ganha uma nova dimensão, ainda mais com a profusão de
notícias falsas que maltrataram as democracias a custo de vidas. A esta altura,
o Brasil aprende a duras penas com a covid-19 que diferenciar o certo do
oportunismo está salvando vidas.
O jornalismo é um farol em meio à escuridão que tomou o
planeta para vislumbrar bases mais sólidas para um novo pacto social, mais
desperto e solidário. Chamamos os leitores a nos ajudar nessa missão. A partir
de agora, as edições em espanhol vão liberar somente a leitura de dez artigos
ao mês. A partir daí, é preciso pagar a assinatura: 1 euro no primeiro mês, 10
euros mensais na sequência. A edição em português que você se acostumou a ler
trará um preço especial para os brasileiros quando fechar para assinaturas.
Pedimos a sua confiança. Queremos ser fonte de informações que fortaleçam uma
sociedade mais sadia com amor e verdade.
Siga com a gente.
CARLA JIMÉNEZ, diretora de Redação do EL PAÍS Brasil
Texto e imagem reproduzidos do site:
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