Conversando com... William Robson
Jornais impressos não exploram bem recursos da Internet
Protagonista no uso da tecnologia, com várias iniciativas
com as quais se tornou pioneiro no Ceará – como a informatização de sua redação
na década de 1990 – e no Norte e Nordeste – como sua presença na internet desde
1995 – o jornal Diário do Nordeste é destaque no livro “Infografia Interativa
na Redação” (Editora Sarau das Letras), de autoria do jornalista paulista,
radicado no Rio Grande do Norte, William Robson Cordeiro.
Mestre em estudos da mídia, Cordeiro debruçou-se por dois
anos sobre o tema da convergência de mídias e como o jornalismo tem tirado
proveito da era digital e comenta em seu livro a experiência do Diário, com
destaque para o canal de infografias interativas que o jornal mantém em seu
website, a iniciativa da TVDN (canal de vídeo online dedicado ao jornalismo do
Diário) e a edição do jornal exclusiva para tablet (“Diário do Nordeste Plus”).
William Robson é diretor de redação do Jornal de Fato, tendo
começado sua carreira profissional como “foca” (jornalista novato, estagiário,
no Gazeta do Oeste.
Entrevista com William Robson Cordeiro, jornalista, mestre
em estudos da mídia e autor do livro “Infografia Interativa na Redação”.
Como se posiciona a infografia interativa hoje, entre o
“pós-televisivo” e a era digital?
William Robson – Bem, é importante que façamos inicialmente
uma rápida explicação deste termo “pós-televisivo”, que foi aplicado para novas
variáveis como desenho e infografismo, novos tratamentos tipográficos ou de
estilo, pela professora da Universidade de Santiago de Compostela, Margarita
Ledo Andión, em seu livro publicado em 1993. Este conceito tratava do
comportamento que os jornais adotaram um pouco depois do surgimento da
televisão e desenvolvido com ênfase pelo USA Today nos anos 80, que se apoiava
na informação visual. Ou seja, o advento da TV foi importante para causar uma
mudança drástica na forma como os jornais diários eram produzidos. Enquanto
crescia a audiência televisiva, os jornais impressos sofriam com a perda
constante de leitores. A saída encontrada por eles, pelos jornais, baseava no
desenvolvimento de novas soluções de leitura, fortalecendo o fotojornalismo,
com imagens maiores no ambiente da página, além dos recursos do jornalismo
gráfico e iconográfico. O início dos anos 80, com o jornal USA Today, foi
marcante neste sentido, pois notamos jornais graficamente mais bonitos, com menos
quantidade de textos e muito mais imagens.
Seria uma forma de atrair este leitor que fugia dos jornais
e buscava a informação na TV, bem mais prática e atrativa. Os jornais
pós-televisivos nasceram desta necessidade, buscando uma relação com a televisão,
e foi um momento importante para a massificação da infografia. Este modelo
acabou por influenciar jornais brasileiros, como a Folha de São Paulo, nos anos
80, um dos primeiros a recorrer constantemente aos infográficos. Eram tantos
infográficos na Folha que, às vezes, ficava confuso de entender a notícia.
Parecia que a novidade estava deixando todos na redação empolgados. Não foi à
toa que muitos estudiosos começaram a chamar os jornais pós-televisivos de
“televisão impressa”. O jornalismo foi reconfigurado com o advento da TV e os
novos hábitos sociais de visualidade afetaram diretamente os jornais impressos.
No contexto atual, vivenciamos algo muito parecido, com a
chamada “era digital”, até porque estou com o professor Muniz Sodré, que não
gosta do termo “revolução digital”, que remete à ruptura. Melhor termo seria
“transformações tecnológicas”, feitas de forma sistemática. Os periódicos estão
novamente sendo provados a experimentações. A semelhança não está tão somente
no aspecto logísitico da informação, uma infra-estrutura para a condução
informacional, mas um reordenamento mercadológico no mundo inteiro. E este
reordenamento passa pela forma como as pessoas se informam. Se hoje é pelo
computador e não mais pelo papel, as empresas de jornais impressos também
precisam se transformar. Isso integra a tal convergência, que transforma as
empresas de informação em conglomerados multimidiáticos com efeitos na forma de
produção e no produto ofertado ao público. E aí, a infografia novamente entra
em cena, agora com a característica da participação, da interatividade e da
multimidialidade.
Em sua análise, como o Diario do Nordeste se insere no
contexto brasileiro no uso de infografia interativa, e em relação à região
Nordeste?
WR – Ao longo destes dois anos de estudos, que resultaram neste livro (“Infografia
Interativa na Redação”), percebi que o
jornalismo na região Nordeste vem experimentando a infografia
interativa, algo que sequer imaginava, diante da complexidade da produção e dos
custos de investimento que muitos jornais não estão dispostos a aplicar. Bahia
e Pernambuco também utilizam os infográficos para a internet. Esta descoberta,
evidentemente, alterou a rota inicial do meu projeto de pesquisa e evoluiu para
uma pesquisa mais intensa no Diário do Nordeste. E, logo de cara, percebi que o
Diário do Nordeste tem uma forte vocação de vanguarda, de fazer experiências
(aí lembro de projetos como a TVDN e do Diário Plus), de aplicar recursos em
projetos que inicialmente parecem sem retorno.
A intenção do jornal em investir na infografia interativa,
ao enviar equipes para conhecer outras experiências no Brasil, de contratar um
profissional para produzir peças formatadas para a internet, de abrir um canal
específico na página principal do site, mostram bem isso. O Diário do Nordeste
percebe que a exploração de tecnologias está diretamente relacionada com a
conquista de leitores, de manutenção da audiência. E segue uma tendência
nacional, que explora muito bem este recurso e outros também bem inovadores,
como os especiais multimídia e as publicações próprias para dispositivos
móveis.
Quais são os elementos que caracterizam a infografia como
“interativa”, que é o termo utilizado em seu livro?
WR – No meu livro, eu esclareço bem isso, de como a
infografia interativa estabeleceu-se como forma nova de visualização de
informação e, essencialmente, incorporou modelos de natureza participativa da
audiência com o agrupamento de recursos multimídia. É uma linguagem que abriga
vários meios, com o caráter de colocar o leitor no plano da interatividade, sob
uma lógica midiatizada. Gosto muito de relacionar a ideia de infografia
interativa com os pontos que o professor Marcos Palácios, da Universidade
Federal da Bahia, delimita sobre o jornalismo praticado na internet:
multimidialidade/convergência, interatividade, hipertextualidade, customização
do conteúdo/personalização, memória e instantaneidade/atualização contínua.
É claro que não é fácil a gente encontrar, nas novas
narrativas jornalísticas, todos estes elementos reunidos de uma vez só, diante
de razões técnicas, adequação do produto ou a aceitação do consumidor sob o
âmbito de mercado. Mas, um, outro ou mais são claramente observados. Aí, faço
uma relação destas características com a infografia, na intenção de explicar
melhor sua funcionalidade e como elemento importante no webjornalismo. Os
infográficos interativos apresentam modelos de narrativa não-linear ou
multilinear (através de um percurso definido pelo leitor), inseridos em ambiente
eletrônico predeterminado pelo instrumento. Ou seja, o passeio digital pelo
infográfico é possível a partir de opções previsíveis sugeridas pelo
computador, não abalando o prazer proporcionado pelas interações.
É neste contexto digital, que abriu possibilidades para o
infográfico ofertar diversos elementos e ser explorado pelo leitor sob uma
perspectiva não antes vista. A dinamicidade da internet favoreceu uma lógica
além das produções estáticas do jornal impresso, estabelecendo narrativas
não-lineares (ou seja, o leque de opções de informação é mais vasto, por ser um
hipertexto em si mesmo) e potencialidade de hipermídia.
Dentro do conceito de usabilidade, como você avalia as
publicações digitais que temos no Brasil. (Sabemos que muitos utilizam os
recursos simplesmente por disporem da tecnologia, mas dominar a tecnologia é
diferente de saber como melhor usá-la).
WR – Não estamos lidando com um processo fácil de mudança de
suportes. A internet como conhecemos é muito nova, dos anos 90, e o jornalismo
como modelo de negócio tem mais de 200 anos. Não se trata de simplesmente
adaptar a lógica do impresso aos meios digitais. É preciso descobrir qual a
nova linguagem que estes periódicos vão utilizar na internet. É fácil? Claro
que não. Os jornais apresentam novas propostas de informação todos os dias, sem
falar que a era digital é muito fluida. Não está numa caixinha, não é estaque e
o jornalismo tradicional, evidentemente, estranha tudo isso, porque foi
acostumado a trabalhar somente com o binômio imagem + texto. E percebemos que
os meios de comunicação se submetem a uma instância que pressupõe um
deslocamento do método de transmissão tradicional para o digital.
McLuhan disse que estas mudanças traduzem-se numa violenta
forma de quebra de padrões culturais. Então, é natural que notemos uma forte
carga do jornalismo impresso impregnado nos sites, e descobrir como fazer
diferente é realmente um desafio. Como a tecnologia está posta para os veículos
de comunicação, os jornais tendem a fazer laboratório e não dá para encararmos
que chegaremos ao formato estandartizado como no impresso, se a internet não é
estandartizada. Refiro-me à aspectos de padronização mesmo. E não diria, por
conta disso, que alguém esteja realmente “dominando” a tecnologia, ainda mais se
tratando de jornalismo.
Geralmente, as publicações digitais para tablets trazem logo
depois da capa um guia para que o leitor aprenda a interagir com a ferramenta.
Estamos longe ainda de um modelo padronizado ou tão intuitivo que elimine essa
necessidade?
WR – Tem muito a ver com o que eu falei anteriormente, a
ideia de um jornalismo estandartizado, como testemunhamos no impresso, no rádio
e na TV (que já está mudando muito atualmente). Dentro do processo da
tecnocultura, já percebemos uma padronização das técnicas (a noção de que as
pessoas sabem utilizar os dispositivos e de que estes dispositivos se
assemelham em qualquer lugar do mundo) e, se assim não fosse, a internet não
seria um vetor político de globalização e de consumo. Nas novas publicações jornalísticas
para tablets, a proposta que vemos inicialmente – claro, que de experimento –,
é de didatismo sobre novos produtos. A Superinteressante e outras publicações
da Abril, por exemplo, têm ganhado versões para tablet, com seu manual de
instruções, indo logo direto à questão e quebrando o que é intuitivo.
Os infográficos destas publicações apresentam recursos que
vão além do passar o dedo na tela. Inclinar ou balançar o tablet já oferece
outras sensações. O jornalismo tem muito disso, de orientar a audiência sobre o
que parece complicado. Não é assim a explicação sobre “didatismo” nos manuais,
de facilitar a vida do leitor? O jornalismo digital que estamos vendo bloqueia
um pouco a possibilidade de intuição do usuário, que, a meu ver, gosta do
intuitivo, gosta de descobrir, do lúdico, como nos games. Olha só, as poesias
digitais, que se assemelham a ambientes surreais na internet, como as de Jason
Nelson exploram bem o intuitivo. Sem manual de instruções. Mas, se os
jornalistas são orientados a usar uma linguagem coloquial no texto
jornalistico, o guia em publicações digitais tem a mesma intenção de facilitar
a vida dos leitores.
A popularização dos dispositivos com telas sensíveis ao
toque traz algum impacto na forma como os infográficos interativos podem ser
apresentados?
WR – Sim, e já percebemos nas publicações tradicionais que
ganharam suas versões para tablets. Os infográficos para tablets exploram
outros recursos, como virar a tela, balançar o dispositivo ou rolar de uma
extensão à outra da página. Tudo dentro de um ambiente de uma revista digital.
Mas, ainda está bem no início. Apenas os grandes conglomerados de mídia
oferecem este recurso com maior frequência. Os jornais regionais, sobretudo, os
do Nordeste, estão no estágio da infografia interativa em seus sites
jornalísticos. Não tenho visto infográficos interativos nas versões digitais
dos impressos, por exemplo, como vemos nas revistas, o que parece ser um
processo mais difícil, diante da periodicidade das publicações. E não diria que
estão atrasados, de forma alguma. Pelo contrário, as poucas publicações
nordestinas que enveredam por este caminho demonstram uma forte capacidade de
adequação às novas formas de linguagem que se apresentam diante de nós.
Em sua opinião, o público leitor tem assimilado bem essa
transição que a convergência de mídias tem imposto no formato como a notícia
está sendo apresentada? Ele tem tido mais interesse pela notícia quando ela
utiliza elementos multimídia interativos?
WR – É importante considerar que estamos inseridos em um
contexto de tecnocultura ou de midiatização, quando somos condicionados a viver
sob as lógicas da mídia. Não se refere tão somente ao conteúdo jornalístico, à
estrutura simbólica neste processo de mediação, porém envolve,
indispensavelmente, os dispositivos. É algo muito forte. Sem muito academicismo.
Isso me fez lembrar novamente de McLuhan acerca do que ele denominou de
“artefatos humanos”, considerando serem as extensões das pessoas ou o resultado
da capacidade humana de criar o que ele chamou de “órgãos adicionais”. Os
dispositivos, os computadores, smartphones, tablets, estão em nosso cotidiano
como se fossem parte do nosso corpo. A partir daí, de entendermos este quadro,
é que poderemos supor se o leitor está assimilando bem a transição da
convergência midiática.
Olha só, as pessoas vivem uma nova era de consumo de
informação a partir dos dispositivos e tenho notado que, a partir daí, nunca
antes os jornais tradicionais foram tão lidos, rádios têm alcançado distâncias
inimagináveis e a programação de TV tornou-se customizada. Mesmo assim, não dá
para afirmar se o leitor tem maior interesse pela notícia por conta de
elementos multimídia, mas os infográficos tiveram um papel importante para os
jornais há algumas décadas. Hoje, os infográficos ganham novo formato, dentro
deste âmbito de convergência, um instrumento a mais para que os jornais possam
segurar seu leitor. É tudo uma tentativa ainda, em busca de uma linguagem
própria, na intenção de fornecer notícia mais simples e rápida, diante de um
turbilhão de informações que encontramos na internet.
Os jornais de hoje já exploram todo o potencial que a
internet e os recursos multimídia permitem?
WR – Evidentemente que não e podemos até indagar: qual o
limite do potencial da internet, né? Parece algo que não tem fim, uma
capacidade inesgotável a ser explorada. Os jornais brasileiros enfrentam uma
crise de identidade e financeira. Como a internet ainda não sustenta os jornais
brasileiros, o impresso é quem paga a conta. Fazer novas experimentações ou
montar uma redação digital com mais de 20 jornalistas, como o caso do Diário do
Nordeste, não é barato. Os jornais não tem dinheiro sobrando para bancar esta
estrutura. Desenvolver especiais multimídia, infográfios interativos, programas
de TV para a internet, não é tão simples e precisa de gente especializada, que
custa caro. Há um fator importante que percebemos nas redações: os jornais que
se propõem a explorar mais os recursos multimídia em seus sites esbarram nos
recursos humanos. Falta pessoal técnico para trabalhar com softwares
específicos e produção de conteúdo multimídia.
Os cursos de jornalismo têm uma parcela de culpa, porque não
acompanham o desenvolvimento do webjornalismo no mesmo ritmo das empresas. É
comum encontrarmos profissionais que trabalham em experimentações para a
internet nos jornais, vindos do design, são analistas de sistemas ou mesmo
desenhistas que aprenderam fazendo. Tudo isso (dinheiro, pessoal,
aperfeiçoamento técnico) trava as intenções de explorar o potencial que a
internet é capaz de oferecer. No entanto, há um outro lado a observar: notamos
produções importantes para a internet em grandes jornais brasileiros e até no
Nordeste (aí volto a remeter aos projetos do Diário), que não são tão
frequentes por razões que coloquei aqui, mas há uma direção que indica que os
jornais querem experimentar mais, preparar seu pessoal para a internet, porque
veem nela uma questão de sobrevivência num futuro bem próximo. E e é logico: o
leitor está migrando para a internet. É preciso correr atrás dele.
No que os jornais ainda precisam investir para obter
melhores resultados com a internet? Quais são os desafios para tirar melhor
proveito desse recurso?
WR – Primeiro, acreditar no suporte. Os jornais ainda não
veem a internet com a seriedade como deve ser vista. Os projetos na internet
sempre caminham para fortalecer o impresso. Desgarrar do papel é um desafio difícil. Jornalismo transcende
qualquer suporte e tem uma capacidade impressionante de se adaptar a qualquer
plataforma. Segundo, integrar as redações on e off line, que é um processo
complicado, não somente pelas linguagens diferentes, mas por razões de
contratos trabalhistas. A figura do jornalista polivalente ou multitarefa acaba
sendo um problema para os jornais. Compreendendo isso, é preparar a transição
da equipe historicamente focada no impresso, para entender a linguagem digital,
através de experiências e treinamento, explorando constantemente novas
ferramentas e novos recursos, a exemplo das revistas para tablet, especiais
multimídia e da infografia interativa. Mas, todas estas questões não envolvem
apenas os jornais. Tem a ver com o novo papel a ser desenvolvido pelos
jornalistas e pela preparação destes profissionais pelas universidades. Durante
a pesquisa, o diretor editor do Diário do Nordeste, Ildefonso Rodrigues, me
relatou algo muito importante, que os jornalistas ainda são preparados para
o mercado sob a linha do impresso, do
texto, da linguagem escrita, com reduzida visão das complexidades advindas das
novas rotinas de um jornal na internet. O principal desafio, portanto, é
quebrar os padrões do jornalismo histórico e padronizado.
Em seu livro, você fala que “a convergência midiática tem
transformado o jornais e o jornalismo”. Para onde estamos caminhando então?
Quais são as tendências nessa área pelo que se observa mundo afora?
WR – Precisamos compreender que a integração e evolução dos
meios alteraram as atuais práticas sociais, e no campo do jornalismo este
panorama também é evidente. Não adianta os jornais ficarem tão somente no
patamar do modelo tradicional impresso. Estamos num contexto social de
convergência, que como foi citado aqui, transforma as empresas de informação em
conglomerados multimidiáticos. A convergência caminha sob uma dicotomia clara:
por um lado o jogo de um modelo de negócios de corte de custos e, por outro, a
máxima produção que as novas tecnologias permitem. Esta transição à qual o
modelo de negócio jornalístico é submetido acarreta no surgimento do
profissional chamado nas redações de jornalista multitarefa, supostamente capaz
de desenvolver inúmeras atribuições que incluem produzir vídeos, áudios,
fotografias, edição, textos, entre outras.
Há um outro ponto importante: o papel da prática
jornalística nas redações é redefinido, com alterações até mesmo nos rumos da
profissão, por conta da superabundância de informações disponíveis na rede que
não são produzidas por pessoas graduadas em jornalismo. A redefinição
profissional sugere, então, mecanismos de filtragem da grande quantidade de
conteúdo que oferece a rede, cabendo uma atribuição nova e diferente para o
jornalista em tempos de convergência: compilador e difusor da informação, como
um cartógrafo e, ao mesmo tempo, regulador da qualidade. E estes pontos
envolvem jornais e jornalistas de um modo geral. A internet afetou o jornalismo em sua
totalidade e não somente o jornalismo digital e, em vista disso, o impacto
sobre o modo de produção jornalística exige redefinição dos produtos.
Poderíamos ter um modelo de jornalismo em que a notícia seja
divulgada somente através de recursos gráficos multimídia (em um site
específico ou em publicações nas redes sociais)?
WR – É uma ideia que não pode ser descartada. Os especiais
multimídia são bons exemplos disso, pois congregam recursos multimídia num só
ambiente. Os infográficos interativos também podem funcionar como informador em
si mesmo, sem precisar ser muleta do texto. Isso já ocorre no impresso com as
reportagens infografadas. No âmbito da internet, isso pode ser realmente
potencializado.
Com a popularização das redes sociais, o que você acha que
elas têm a contribuir com o jornalismo? Ou como o jornalismo poderia tirar
proveito delas?
WR – O jornalismo pode ser praticado em qualquer meio de
divulgação que exista e que venha a existir. Se os postes serviam como instrumentos
para que as antigas gazetas pudessem ser divulgadas, as redes sociais, sob uma
outra lógica, cumpre o mesmo papel. E os jornais entenderam rápido,
participando das redes sociais e obtendo excelente repercussão. São muitos os
comentários dos usuários nas postagens dos jornais, mostrando que o leitor
agora participa muito mais ativamente do que somente no espaço editado das
Cartas dos Leitores. E as redes podem ser uma ferramenta sinérgica de jornais e
audiência, de aproximação entre ambos. Para o leitor, uma forma de ser ouvido e
de participar da edição. Para os jornais, um modo de compreensão do perfil de
seu consumidor e um instrumento que alimenta sua autolegitimação de difusor da
informação de qualidade.
Texto e imagens reproduzidos do blogdocarlossantos.com.br
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