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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

“O mundo caminha a longos passos para a convergência midiática”

Foto: Coletivo ISO AÍ/Divulgação

Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 13/11/2017.

“O mundo caminha a longos passos para a convergência midiática”

JORNAL DA CIDADE entrevistou o cineasta Marcolino Joe.

Por: Gilmara Costa/Equipe JC

É sobre produção de audiovisual, a baixo custo, com equipamento que cabe no bolso e na palma da mão, que o cineasta Marcolino Joe conversou com o JORNAL DA CIDADE. Atento às inovações tecnológicas e compartilhando o conhecimento que possui quando o assunto é imagem, som e ação, Marcolino ‘antecipa tendências’ e propõe a ideia de fazer filme, vídeo institucional ou clipe, com qualidade na captação, edição e exibição. Para tanto, tem realizado a oficina Produção Audiovisual com Celular – Cinema de Bolso, que já desembocou num e-book gratuitamente disponibilizado no site www.cinemadebolso.com.br . Boa leitura!

JORNAL DA CIDADE - Audiovisual e baixo orçamento se relacionam harmoniosamente?

MARCOLINO JOE -  Quando afirmo que o orçamento é a estética estou dizendo que a falta de grana estimula a criatividade. Não estou dizendo que deva haver desdém na produção, mas é preciso achar caminhos para transformar aquela ideia em imagem, mesmo sem os equipamentos ideais. É aí que entra o Cinema de Bolso. 

JC - O e-book ‘Como gravar vídeos com celulares’ é uma consequência da oficina que tem ministrado em Aracaju?

MJ - Diretamente. As dicas que eu compartilho na oficina podem, agora, chegar a muito mais pessoas. Obviamente que não se compara ao processo presencial, mas é um start. Nele, busquei compilar de forma didática, leve e descontraída, todo o aprendizado que conquistei nesses quase 10 anos de audiovisual com o material que eu encontro espalhado pela net. Os comentários da galera me deixam muito orgulhoso do resultado.

JC - A primeira edição da oficina, em setembro deste, alcançou o resultado esperado entre participantes? Na prática, os avanços foram perceptíveis?

MJ - Depois da oficina, a gente monta um grupo no whatsapp para que eu possa continuar prestando consultoria. O que mais vejo são os participantes dizendo que estão usando essa ou aquela dica para produzir seus vídeos e como elas fizeram diferença no resultado final. Isso é muito gratificante.

JC - A oficina e o e-book direcionam para as produções mais curtas, como vídeos institucionais ou trailer?

MJ - Se você quer ser youtuber, eu mostro os caminhos da edição e do roteiro. Se quiser fazer um institucional com entrevistas, eu ensino como dirigir o entrevistado e captar o áudio da melhor forma possível. Se a ideia for um clipe, eu compartilho as principais formas de garantir ritmo e efeitos disponíveis no programa de edição. Na verdade, não importa o objetivo que o participante busca. Na oficina, ele vai entender todo o processo e sairá capaz de produzir vídeos de qualidade usando apenas o celular como ferramenta de captura.

JC - Enquanto cineasta, tu acredita que essa praticidade na criação de um produto audiovisual possa ‘banalizar’ as produções de vídeo clipes, curtas e longas?

MJ - Não. Acredito que isso permite uma maior democratização das produções audiovisuais. O fato de ser mais acessível não quer dizer, necessariamente, que os produtos a partir de agora serão inferiores esteticamente. É o contrário: agora ficou um pouco mais possível – principalmente para os historicamente excluídos – registrar e construir narrativas sobre suas vidas.

JC - É mesmo possível fazer um longa com apenas um celular na mão?

MJ - Sim. O primeiro longa-metragem totalmente filmado com um telefone celular se chama “Olive”, de Hooman Khalili. “Tangerine”, do Sean Baker, um sucesso no festival de Sundance, foi filmado com dois iphones 4s. No Brasil, Frank Moura fez o primeiro longa produzido apenas com imagens captadas com um celular. Se chama ‘Charlote SP’.

JC - É truque ou saber usar corretamente a tecnologia em mãos?

MJ - O “truque” é compreender a linguagem audiovisual e usar corretamente a tecnologia. É isso o que eu ensino na Oficina de Produção de Vídeos com Celular.

JC - Já tem muita coisa boa sendo produzida pelo mundo afora?

MJ - A lista é interminável. Uma busca rápida no Google por filmes feitos com celular aponta uma série de produções de qualidade estética e de imagem.

JC - Acredita que Sergipe está apto a aliar novas tecnologias e ótimo custo-benefício no que produz de conteúdo audiovisual?

MJ - Coincidência ou não, mas desde que parei de produzir o tr3s.minutos (Festival Sergipano de Micrometragens, teve duas edições 2011 e 2012, e contou com mais de 500 filmes do Brasil inteiro feitos com celular) não vejo mais jovens cineastas experimentando produzir vídeos com o que tem nas mãos. Vejo a galera esperando ter grana – via edital – para produzir conteúdo.

JC - Ou ainda observa um certo conservadorismo nesse meio no estado?

MJ - Muita gente ainda acha que filmes feitos com celular não podem ser considerados cinema. Que reduzem a experiência fílmica à sala escura. Isso não é um privilégio de Sergipe. O problema é que isso limita a possibilidade de surgirem novos produtores, novos olhares. É não perceber que o mundo caminha a longos passos para a convergência midiática. Para o consumo de conteúdos audiovisuais em diversas plataformas. É o futuro que já se faz presente. É preciso antecipar essas tendências. É o que eu faço desde 2011...

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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