Crédito:Reprodução.
Publicado originalmente no site do Portal Imprensa, em 20/07/2017.
"Proposta do News Lab é ser uma ponte entre Google e
redações", diz líder do projeto
Criado há dois anos para ser uma ponte entre as redações e o
Google, o News Lab passou a operar há três semanas na sede da gigante de
tecnologia em São Paulo, localizada na Av. Brigadeiro Faria Lima. A ideia é que
o projeto consiga ajudar profissionais a alcançar recursos capazes de melhorar
o conteúdo do jornalismo praticado e, para isso, quatro temas de atuação foram
identificados: jornalismo de dados, jornalismo imersivo, diversidade no
jornalismo, e credibilidade e verificação.
“Todas essas áreas foram influenciadas pela tecnologia nos
últimos anos. São áreas que a tecnologia e o Google podem dizer alguma coisa”,
explica Marco Túlio Pires, responsável pelo Google News Lab no Brasil. Ele
explica que a equipe do projeto pode contribuir com os jornalistas de quatro
maneiras, que são formação de redes, pesquisa, programas e treinamento.
No dia 29 de junho, o Portal IMPRENSA errou ao informar que
o objetivo do News Lab seria oferecer treinamento a jornalistas e estudantes, e
que o programa iria dar bolsas e receber profissionais na sede da empresa em
São Paulo para tocar projetos em parceria. A nota, que pode ser acessada aqui,
foi atualizada às 11h34 do dia 11 julho.
Na verdade, os veículos ou universidades devem entrar em
contato com o News Lab para agendar a visita dos profissionais às redações ou
salas de aula. Assim, um grupo de jornalistas receberia treinamento para que
consigam usar com maior eficácia as ferramentas do Google na produção
editorial.
“Na maior parte das vezes, a gente vai até as redações, e aí
são dinâmicas de grupo, oficinas práticas. Uso do Google Maps para contar
histórias. Análise de dados no Google Sheets. Busca avançada, para poder
investigar informações. Busca reversa de imagens para verificar a veracidade de
imagens”, exemplifica o responsável pelo programa. O site do projeto também
oferece uma série de cursos gratuitos em português que podem ser acessados
aqui.
Quanto a pesquisa, Pires explica a proposta: “O que a
indústria precisa saber sobre si mesma que pode ajudá-la a tomar melhores
decisões? Como que o jornalismo pode entender o seu próprio mercado? NewsLab
apoia pesquisas nessa direção. A gente também faz pesquisas originais para
informar as equipes de produto do Google quais são as demandas dos jornalistas.
As vezes tem uma ferramenta que é muito usada e o jornalista quer uma função
que é muito específica da redação”.
Já o objetivo da formação de redes é conseguir colocar na
mesma mesa muitos atores interessados em resolver problemas relevantes para o
jornalismo. “O Google está em uma intersecção entre tecnologia, mídia,
jornalismo, produção de conteúdo e os próprios leitores e usuários”, argumenta
Pires. Uma dessas redes é a de universidades ao redor do mundo, pela qual o
News Lab trabalha para conseguir enriquecer as ementas dos cursos e oferecer
material relevante aos alunos.
Por fim, os programas desenvolvidos pelo News Lab têm por
objetivo criar jornalismo de qualidade a partir de parcerias editoriais. “No
Reino Unido, por exemplo, a gente fez uma série durante o Brexit com o pessoal
do YouTube. Conectou uma redação com o YouTube, mas mostrando também dados ali
do Trends para mostrar o que as pessoas estava pesquisando durante os debates”,
conta Pires.
Confira abaixo as palavras de Marco Túlio Pires sobre cada
uma das quatro áreas de atuação do News Lab:
Jornalismo de dados: "A tecnologia permitiu uma
possibilidade massiva de dados, mas ela também tornou um desafio para que as
redações e os próprios jornalistas pudessem acessar, processar, analisar,
visualizar, contar histórias a partir desses dados. Você trabalhar com dados
exige muito recurso: colaboração, treinamento, equipamento. Habilidades que
antes não eram naturais do jornalismo. Apesar de o desenvolvimento tecnológico
ter trazido uma oportunidade, ele também trouxe um desafio".
Jornalismo imersivo: "A tecnologia nos permitiu que
novos tipos de narrativas pudessem ser criadas. Então, se você pegar o exemplo
de realidade virtual, ou então realidade aumentada, ou então jornalismo com
inteligência artificial, ou então esses assistentes de inteligência artificial
em sensores e drones, por exemplo. Como você faz para descobrir essas novas
narrativas. A tecnologia proporcionou essa oportunidade, o que é legal, o
jornalismo sempre se propôs a buscar novas narrativas, mas você têm desafios
éticos, técnicos e editoriais. Um drone, por exemplo, ele sobrevoar uma
fazenda. O espaço aéreo ali é público ou não é? Você fazer a reconstituição de
uma cena de uma crime com um óculos de realidade virtual, isso traz dilemas
éticos. É uma série de questões que a tecnologia trouxe novas oportunidades,mas
novos desafios também".
Diversidade no jornalismo: "Cada vez mais as pessoas
podem produzir conteúdo, as plataformas estão aí para dar oportunidades para
que as pessoas possam ser ouvidas. A tecnologia proporcionou isso. Hoje você
tem o jornalismo-cidadão, digamos assim, muito mais prominente do que antes.
Hoje qualquer pessoa pode postar um vídeo ao vivo do que está acontecendo.
Qualquer pessoa pode twittar. A tecnologia, então, ela proporciona essa
visibilidade, mas também, ao mesmo tempo, há um desafio muito grande para
trazer essas vozes subrepresentadas para o debate midiático principal. Como é
que a tecnologia informa que pautas podem estar sendo perdidas em um emaranhado
de situações se não há diversidade nas próprias redações ou na própria
cobertura?"
Credibilidade e verificação: "A tecnologia fez com que
muita informação fosse divulgada, então, cada vez mais, a gente tem acesso a
informação, por causa dos meios de comunicação, plataformas. Mas, ao mesmo
tempo, ficou muito difícil separar fato de ficção. Muito difícil. Então como
que a gente pode ajudar as redações a entender os desafios técnicos para
separar o joio do trigo? Separar o que verdade do que é ficção? E aí qual é o
papel da tecnologia nesse processo? Como a gente pode identificar essas
matérias, dar mais autoridade a elas, essas matérias que são produzidas com
jornalismo de qualidade? É pensando assim que a gente atua".
Texto e imagem reproduzidos do site: portalimprensa.com.br
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