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sexta-feira, 21 de julho de 2017

"Proposta do News Lab é ser uma ponte entre Google e redações"

Crédito:Reprodução.

Publicado originalmente no site do Portal Imprensa, em 20/07/2017.

"Proposta do News Lab é ser uma ponte entre Google e redações", diz líder do projeto
Por Fernando Arbex.

Criado há dois anos para ser uma ponte entre as redações e o Google, o News Lab passou a operar há três semanas na sede da gigante de tecnologia em São Paulo, localizada na Av. Brigadeiro Faria Lima. A ideia é que o projeto consiga ajudar profissionais a alcançar recursos capazes de melhorar o conteúdo do jornalismo praticado e, para isso, quatro temas de atuação foram identificados: jornalismo de dados, jornalismo imersivo, diversidade no jornalismo, e credibilidade e verificação.

“Todas essas áreas foram influenciadas pela tecnologia nos últimos anos. São áreas que a tecnologia e o Google podem dizer alguma coisa”, explica Marco Túlio Pires, responsável pelo Google News Lab no Brasil. Ele explica que a equipe do projeto pode contribuir com os jornalistas de quatro maneiras, que são formação de redes, pesquisa, programas e treinamento.

No dia 29 de junho, o Portal IMPRENSA errou ao informar que o objetivo do News Lab seria oferecer treinamento a jornalistas e estudantes, e que o programa iria dar bolsas e receber profissionais na sede da empresa em São Paulo para tocar projetos em parceria. A nota, que pode ser acessada aqui, foi atualizada às 11h34 do dia 11 julho.

Na verdade, os veículos ou universidades devem entrar em contato com o News Lab para agendar a visita dos profissionais às redações ou salas de aula. Assim, um grupo de jornalistas receberia treinamento para que consigam usar com maior eficácia as ferramentas do Google na produção editorial.

“Na maior parte das vezes, a gente vai até as redações, e aí são dinâmicas de grupo, oficinas práticas. Uso do Google Maps para contar histórias. Análise de dados no Google Sheets. Busca avançada, para poder investigar informações. Busca reversa de imagens para verificar a veracidade de imagens”, exemplifica o responsável pelo programa. O site do projeto também oferece uma série de cursos gratuitos em português que podem ser acessados aqui.

Quanto a pesquisa, Pires explica a proposta: “O que a indústria precisa saber sobre si mesma que pode ajudá-la a tomar melhores decisões? Como que o jornalismo pode entender o seu próprio mercado? NewsLab apoia pesquisas nessa direção. A gente também faz pesquisas originais para informar as equipes de produto do Google quais são as demandas dos jornalistas. As vezes tem uma ferramenta que é muito usada e o jornalista quer uma função que é muito específica da redação”.

Já o objetivo da formação de redes é conseguir colocar na mesma mesa muitos atores interessados em resolver problemas relevantes para o jornalismo. “O Google está em uma intersecção entre tecnologia, mídia, jornalismo, produção de conteúdo e os próprios leitores e usuários”, argumenta Pires. Uma dessas redes é a de universidades ao redor do mundo, pela qual o News Lab trabalha para conseguir enriquecer as ementas dos cursos e oferecer material relevante aos alunos.

Por fim, os programas desenvolvidos pelo News Lab têm por objetivo criar jornalismo de qualidade a partir de parcerias editoriais. “No Reino Unido, por exemplo, a gente fez uma série durante o Brexit com o pessoal do YouTube. Conectou uma redação com o YouTube, mas mostrando também dados ali do Trends para mostrar o que as pessoas estava pesquisando durante os debates”, conta Pires.

Confira abaixo as palavras de Marco Túlio Pires sobre cada uma das quatro áreas de atuação do News Lab:

Jornalismo de dados: "A tecnologia permitiu uma possibilidade massiva de dados, mas ela também tornou um desafio para que as redações e os próprios jornalistas pudessem acessar, processar, analisar, visualizar, contar histórias a partir desses dados. Você trabalhar com dados exige muito recurso: colaboração, treinamento, equipamento. Habilidades que antes não eram naturais do jornalismo. Apesar de o desenvolvimento tecnológico ter trazido uma oportunidade, ele também trouxe um desafio".

Jornalismo imersivo: "A tecnologia nos permitiu que novos tipos de narrativas pudessem ser criadas. Então, se você pegar o exemplo de realidade virtual, ou então realidade aumentada, ou então jornalismo com inteligência artificial, ou então esses assistentes de inteligência artificial em sensores e drones, por exemplo. Como você faz para descobrir essas novas narrativas. A tecnologia proporcionou essa oportunidade, o que é legal, o jornalismo sempre se propôs a buscar novas narrativas, mas você têm desafios éticos, técnicos e editoriais. Um drone, por exemplo, ele sobrevoar uma fazenda. O espaço aéreo ali é público ou não é? Você fazer a reconstituição de uma cena de uma crime com um óculos de realidade virtual, isso traz dilemas éticos. É uma série de questões que a tecnologia trouxe novas oportunidades,mas novos desafios também".

Diversidade no jornalismo: "Cada vez mais as pessoas podem produzir conteúdo, as plataformas estão aí para dar oportunidades para que as pessoas possam ser ouvidas. A tecnologia proporcionou isso. Hoje você tem o jornalismo-cidadão, digamos assim, muito mais prominente do que antes. Hoje qualquer pessoa pode postar um vídeo ao vivo do que está acontecendo. Qualquer pessoa pode twittar. A tecnologia, então, ela proporciona essa visibilidade, mas também, ao mesmo tempo, há um desafio muito grande para trazer essas vozes subrepresentadas para o debate midiático principal. Como é que a tecnologia informa que pautas podem estar sendo perdidas em um emaranhado de situações se não há diversidade nas próprias redações ou na própria cobertura?"

Credibilidade e verificação: "A tecnologia fez com que muita informação fosse divulgada, então, cada vez mais, a gente tem acesso a informação, por causa dos meios de comunicação, plataformas. Mas, ao mesmo tempo, ficou muito difícil separar fato de ficção. Muito difícil. Então como que a gente pode ajudar as redações a entender os desafios técnicos para separar o joio do trigo? Separar o que verdade do que é ficção? E aí qual é o papel da tecnologia nesse processo? Como a gente pode identificar essas matérias, dar mais autoridade a elas, essas matérias que são produzidas com jornalismo de qualidade? É pensando assim que a gente atua".

Texto e imagem reproduzidos do site: portalimprensa.com.br

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